Foi hoje aprovado em Bruxelas o resgate da divida publica Portuguesa. Apesar de vários ameaças de boicote como foi falado aqui no blog, tudo não passou de meras especulações e o financiamento vai mesmo avançar. No entanto as condições vão um pouco mais além do que era esperado, como tinha sido noticiado durante as negociações. O juro do empréstimo ficou acima dos 5% ao contrario dos 3,5 ou 4,5% falados.
Seja como for e independentemente do juro que iremos pagar por este empréstimo o que é certo é que iremos receber cerca de 78 mil milhões de Euros. 52 desses milhões vem directamente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira e o restante dinheiro é fornecido pelo FMI.
No entanto este financiamento vai ser pago em três anos e não todo de uma acentada, ou seja, os nossos credores de três em três meses virão a Portugal certificar-se que toda a parte do acordo que nos compete é cumprida na integra, e ao mínimo sinal de quebra corta o financiamento. Resta saber se esses incumprimentos tem outro tipo de sanções, sejam elas meramente económicas ou politicas.
Todo este assunto devia ser escrutinado na praça publica, afinal de contas somos todos nós que vamos pagar estes tais 5% de juros alem do próprio valor do financiamento em si. Tudo é feito e negociado por meia dúzia de pessoas, os mesmo que nos trouxeram a esta situação. Não quero com isto dizer que a negociação foi má ou boa para nós Portugueses, não sou economista por isso não posso criticar, posso no entanto duvidar que a capacidade negocial seja o forte de quem a moderou, afinal de contas foram eles os responsáveis por este estado das coisas.
O que me chamou também a atenção durante esta semana foi a noticia do Ouro do Estado Português, cerca de 12 mil milhões é que o temos actualmente pelo que consegui apurar na Internet, se calhar é mais ou até pode ser menos, mas não consegui encontrar um valor concreto nem uma fonte oficial para o comprovar.
Como é óbvio este valor é mais que insuficiente para pagar o total da nossa divida externa que ultrapassa os 130 mil milhões, ( sim porque os 78 mil milhões que nos vão ser emprestados não é o valor total da divida, é pouco mais de metade ) mas o que me faz pensar não é esse valor.
Muito se fala do ponto a que chegamos com o pós 25 de Abril de 1974 e a consequente queda do regime e todos os benefícios que isso proporcionou. No entanto é verdade também que em termos financeiros e económicos estamos bem piores, é o terceiro pedido de ajuda externa após essa data e não se vê melhoras. Mas onde eu quero chegar é também a nossa reserva de ouro.
Na altura do regime, Salazar deixou o País com cerca de 850 toneladas de Ouro, actualmente temos cerca de 400... Ou seja, em menos de 40 anos perdemos metade da nossa reserva de Ouro, mas mesmo assim continuamos a ser um dos 20 Países com mais Ouro no Mundo.
Temos ainda assim os ditos 12 mil milhões em Ouro ao dispor do nosso governo, ou não?
A resposta é não, e isto porquê? Devido aos compromissos Internacionais, visto que o Ouro é propriedade do Banco Central e não do Estado, e em caso de venda do Ouro a produção de moedas teria de ser aumentada e com isso financiar défices, algo que ao que consegui apurar é proibido pelos tratados Europeus.
Temos Ouro, é insuficiente para pagar as dividas e alem disso não o podemos sequer fazer, no entanto os ditos juros são menos que esse total de Ouro, podia pelo menos esse Ouro servir para liquidar os tais 5% no agravamento do empréstimo.
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